Anteriormente a logística era vista como área assessória da gestão empresarial. O desembarque das forças aliadas na Normandia (França) na época da II Guerra Mundial, marcou o início do fim da Segunda Guerra e consequentemente a queda da Alemanha nazista de Hitler, 11 meses após o desembarque das tropas. Considerada a maior operação logística da história, e denominada como o “Dia D” essa operação proporcionou um olhar diferente para a logística, enfatizando-a como departamento estratégico na gestão empresarial. Outro fator que contribuiu para enaltecer a importância da logística foi a inclusão de disciplinas relacionadas ao tema nos cursos de Administração de Empresas e Engenharia na renomada Universidade de Harvard nos anos de 1950 após a Segunda Grande Guerra.
Apesar do fato marcante na Segunda Guerra Mundial, a logística militar antecede esse tempo. Souza (2000) comenta que no reinado de Luiz XIV (França) existia um posto militar denominado Marechal General Logis.
Hoje em dia a logística ocupa lugar de destaque na gestão empresarial, e por muitas vezes é o diferencial competitivo das organizações. No momento atual, com grande necessidade de adaptações, mudanças ágeis e flexibilidade, a logística tem papel crucial. A revolução nos processos produtivos é constante, cada vez mais as organizações vão se adaptando ao modelo 4.0, onde tudo está conectado e integrado inclusive e principalmente as operações logísticas, desde a aquisição de materiais, até a entrega ao consumidor final.
A logística de armazenagem que é o foco desse artigo, contribui diretamente para os resultados das organizações, uma vez que possibilita evitar gastos no momento inadequado, reduzindo desperdícios com perdas e possibilitando a entrega nem curto período, sem a necessidade de espera da fabricação do item. No entanto, cada vez mais as empresas vêm buscando o equilíbrio entre o estoque e as vendas.
A forma como os itens são dispostos, identificados e organizados dentro no armazém, impacta na operação de armazenagem positiva ou negativamente e, consequentemente na velocidade e segurança das ações realizadas dentro do armazém.
A logística de armazenagem compõe-se de uma série de atividades e fatores. Para melhorar um processo de armazenagem, o primeiro passo é entende-lo através da realização de um diagnóstico da operação. Nos projetos de consultoria de logística realizados pela BRS Gestão Empresarial, são utilizados conceitos de Engenharia de Processos aliados à Logística para realização de diagnóstico e identificação de oportunidades. A Engenharia de Processos estuda criteriosamente as atividades, a forma como elas acontecem, e o caminho percorrido para se chegar ao resultado. A partir dessas observações propõe-se melhorias visando aumento eficiência, com eliminação de atividades que não agregam valor, sempre considerando a segurança, a agilidade e a manutenção da qualidade dos produtos armazenados.
Abaixo estão listados alguns dos principais aspectos da logística de armazenagem:
I – Controle de estoque: possibilita a acuracidade elevada do estoque, controla desperdício por avarias, perdas e desvios de mercadoria, erros na entrada e saída.
II – Inventário: a realização do inventário para manutenção da acurácia do estoque e ajustes quando necessário. Executar inventários frequentes minimiza o risco de “furos no estoque” e surpresas desagradáveis com variações entre o físico e o sistêmico.
III – Layout: um layout inadequado prejudica a mobilidade, aumentando a necessidade de movimentação dos produtos, oferece risco de acidentes, pode onerar mais a armazenagem, além de torná-la mais lenta. Esse é um problema recorrente em diversos armazéns.
IV – Identificação: os materiais dentro do armazém devem preferencialmente seguir uma estrutura lógica de identificação, de fácil visualização e entendimento.
V – Localização: o posicionamento e distribuição física dos itens no armazém também deve ser planejado. O ponto de partida pode ser a demanda do item, seu peso e tamanho, no entanto cada armazém detém características específicas que demandam análise individual.
VI – Organização: garante a manutenção da qualidade e integridade dos produtos.
VII – Escolha do local para instalação do armazém. A escolha geográfica para instalação do armazém, está diretamente relacionada à estratégia de distribuição. É fundamental levar em consideração rotas para suprimento e escoamento dos produtos, essa decisão pode impactar no lead time de entrega, e nos custos de operação para distribuição.
Com o consumo migrando gradativamente para o comércio eletrônico, a operação de armazenagem ganha cada vez mais relevância. Se observamos a curva de crescimento desse mercado tem-se a dimensão da magnitude da operação de armazenagem.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2002, 4.912.732 domicílios em todo o Brasil possuíam microcomputador com acesso à Internet, em 2003, eram 5.623.828, em 2004 era 6.324.420 domicílios, em 2005 eram 7.244.685. Na última PNAD divulgada pelo IBGE em 2017 foi demonstrado que o país possui 126,3 milhões de usuários de internet. Segundo o site Ecommerce Brasil para o ano de 2020 estima-se um crescimento de 11% nas vendas através do comércio eletrônico. De acordo com os números levantados pela revista Valor Econômico, as vendas eletrônicas durante os primeiros 90 dias da pandemia do COVID 19, renderam R$27,3 bilhões, com isso o comércio eletrônico chegou a uma participação de 7,2% do varejo, passando a marca dos 6% que normalmente representa.
Todo esse crescimento do mercado de vendas online, é absorvido pela operação de armazenagem e distribuição, não necessariamente com ampliação harmônica das estruturas de armazenagem, e sim com melhorias de processos, aumento de eficiência operacional, aumento de horas de trabalho e inúmeras alternativas aplicáveis a cada armazém, levando em consideração o produto armazenado, a estrutura de armazenagem, a capacidade de distribuição e as especificidades de cada negócio.
O crescimento demonstrado pelas vendas online apresenta indícios de perenidade desse modelo e tendência de migração do consumo para o ecommerce. A Pandemia do COVID 19 de certa forma contribuiu para alavancar ainda mais o comércio eletrônico. Deste modo, a armazenagem feita de forma estratégica torna-se diferencial competitivo para as empresas que comercializam seus produtos na internet. Com forte redução de gastos em função da ausência ou redução do número das lojas físicas essas empresas tem um potencial de crescimento enorme desde que adotem as medidas certas de armazenagem, distribuição e obviamente tecnológicas para deixar suas plataformas rápidas, de fácil uso, seguras e eficientes.
Fonte: Valor Econômico Empresas – www.valor.globo.com/
IBGE – www.ibge.gov.br/
Buller, Luz Selene. Logística Empresarial – Curitiba: IESDE, 2009.
Bruno Sérgio de Souza, Diretor da BRS Gestão Empresarial – 02/07/2020
Se antes da pandemia as compras pela internet já tinham números extremamentes relevantes, depois desse período de quarentena, quem não gostava ou não utilizava por preferir as compras presenciais foi forçado a aderir. Resta esperar para entender se a longo prazo o compartimento irá ser mantido.
Exatamente Vinícius. É a evolução natural do ecommerce e pela curva de ascensão, acredito que não há retorno. A tendência é que cada vez mais o consumo seja realizado de forma eletrônica sendo positivo para as organizações pela redução de custos e também para o consumidor pela redução no preço.
A venda online é o caminho futuro e a armazegem é um pilar fundamental para o ecommerce.